quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Como Estimular uma Lista de Preconceitos Desde Cedo


Encontrei este texto na coluna A Arte na Pele do site iBAhia

Lembrei dele depois que vi uma postagem no Faceboock num grupo de assuntos policiais, que liga tatuagens a criminalidade. Como a postagem gerou polemica até mesmo entre os policiais,resolvi postar este texto aqui e repassa-lo para o Faceboock, espero que esta postagem gere bastantes comentarios e um debate saudável!

Depois que li este texto virei fã do autor e costumo ler os textos dele sempre. Recomendo!

 Como Estimular uma Lista de Preconceitos Desde Cedo

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Há algumas semanas eu fui a um churrasco em um prédio que eu não conhecia ninguém. Um amigo meu tinha sido convidado por um convidado (típica situação que normalmente termina em roubada). Quando cheguei lá, percebi que se tratava de um churrascão típico de família careta, bem careta mesmo. As únicas pessoas que tinham alguma tatuagem eram eu e o meu amigo convidado do convidado. O evento era basicamente 40% de idosos, 40% de crianças, 19% de adultos casais, e 1% de penetras tatuados (eu e meu amigo). Pra não ficar chamando de “amigo”, vou dar o nome fictício de Marcelo (ele prefere que o nome dele não seja divulgado).

Com apenas dez minutos que chegamos, Marcelo começou a conversar com o cara que o convidou, e junto na conversa, estava um rapaz com um cabelo tão bem penteado que se o furacão Sandy passasse por ali, destruiria tudo, mas o cabelo dele continuaria exatamente igual. Cheguei perto, mas não interagi, fiquei apenas observando (eu estava morrendo em constrangimento eterno, pra ser bem sincero). De repente se aproxima um garotinho, sei lá, devia ter uns oito anos. Era filho do rapaz com o penteado “anti-hecatombe”. O moleque deu a mão para o pai, e fixou o olhar nas tatuagens de Marcelo por uns cinco segundos. Senti o pai dele um pouco tenso com a situação, e aí o guri mandou na lata…

  • Pai, você não disse homem que usa tatuagem ou é maconheiro ou é viado?
  • Como é, meu filho? (completamente desconcertado).
  • Você me disse que todo homem que tem tatuagem ou é maconheiro ou é viado… (Em tom seco).
  • Não filho! Claro que não! Papai nunca te disse isso! Uma vez eu te disse que eu e sua mãe jamais faríamos uma tatuagem na gente… Algum coleguinha deve ter te dito isso… Não foi aquele menininho que às vezes você conversa, o filho do porteiro da escola, que te disse isso não?

Percebendo o constrangimento de “cabelo anti-hecatombe”, Marcelo tentou aliviar a barra do rapaz…
  • Man, relaxe… Criança é assim mesmo…
  • Não cara, mas eu nunca disse isso! Isso é coisa que ele deve ter ouvido na escola!

Criança, que é um ser escroto de sincero, jamais deixaria aquela mentira passar em branco. O gurizinho emendou…
  • Mas pai, você fala isso sempre, não ouvi isso no colégio não… Ô mãããããe! Papai não diz que homem que tem tatuagem ou é maconheiro ou é viado?

(Imagens – Internet)
Twitter - @ArteNaPele_iB
 Angelo Dahora é sócio do estúdio Tattoo Arte e gestor de conteúdo da agência de comunicação Leg Lock. É jornalista, redator, roteirista, e cronista. Para ele, a tatuagem é uma arte privilegiada por ser a única que viaja pelo mundo no corpo de cada ser humano riscado.

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