A IMPRENSA, A POLICIA E A MANIPULAÇÃO DA MANCHETE
É de conhecimento geral que a imprensa gosta de usar manchetes
chamativas para atrair leitores, e que muitas vezes a manchete ( título)
não condiz com o texto.
Não sei se por uma formação capenga ( afinal para ser jornalista hoje nem diploma precisa) ou por orientação de seus editores.E quando se trata de noticiar casos envolvendo a policia, podemos notar
que a ideia de dar uma "apimentada" no título para deixa-lo mais
atrativo ( a morbidez, a violência, atrai o ser humano).
Recentemente deparei-me com um exemplo disto no Correio da Bahia:
"Assaltante é morto a tiros durante roubo de carro no CIA; policial é suspeito"
Notem o uso da palavra "suspeito".
No senso comum, suspeito é quem
provavelmente cometeu um crime, portanto, o texto transforma o policial
em suspeito de um crime. Aquelas pessoas ( a maioria) que não lê a
matéria e acaba se prendendo apenas a manchete, já imagina que o
policial cometeu um crime.
Já os mais atentos, continuam a ler a matéria e descobrem a realidade por trás da manchete chamativa:
"Luis Cláudio Farias Santos, 21 anos, tentou assaltar o carro de um homem que seria um policial militar a paisana"
E basta clicar no link e se vê um novo título para a mesma matéria:
"Assaltante é morto a tiros durante roubo de carro no CIA
Luis Cláudio Farias Santos, 21 anos, tentou assaltar o carro de um homem que seria um policial militar a paisana"
"Da Redação
Um homem foi morto na noite desta segunda-feira (19) durante uma
tentativa de assalto na estrada do Centro Industrial de Aratu (CIA).
Segundo informações da polícia, Luis Cláudio Farias Santos, 21 anos,
tentou assaltar o carro de um homem que seria um policial militar a
paisana.
Armado, o suposto policial atirou no assaltante que
foi atingido na barriga e em um dos braços. O assaltante foi socorrido
por uma viatura da PM, acionada pela vítima do assalto, e encaminhado
para o Hospital do Subúrbio, onde já deu entrada morto.
A
assessoria da Polícia Militar ainda não confirmou a identidade do PM. O
caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP)."
E lendo a matéria completa, se descobre que
não existe "suspeito", pois a Policia sabe quem é o policial, e - como
raramente acontece - esta preservando sua identidade.
O caso que
pelas informações não passou de LEGITIMA DEFESA, é "MANCHETEADO" como
CRIME. Afinal é isso que chama a atenção. A ideia a atrair o leitor pelo
seu desejo mórbido de ver miséria.
Uma matéria isenta poderia ser noticiada de diversas formas:
" Policial reage a tentativa de assalto, e mata criminoso";
"Tentativa de roubo de carro acaba com homem morto";
"Homem morre ao tentar roubar carro de policial".
Estaria ai, todos os elementos da matéria, sem a tentativa velada de se
transformar na mente popular que o policial é um "suspeito"!
Talvez alguns achem que é exagero meu, que por ser policial, vejo coisas
onde não existem. Mas, basta uma olhada na matérias dos jornais e
veremos a diferença. Quando se trata de casos de policias que atiraram
em alguém a noticia vem sempre nestes moldes:
"POLICIA MATA TRÊS EM OPERAÇÃO"
"HOMEM É ASSASSINADO POR POLICIAL"
Quando a vitima é um policial a noticia vem com eufemismos e reducionismos:
"Policial é morto em operação"
"Policial morre ao resistira a assalto"
A diferença é sutil, no entanto, no senso comum "ser morto" e "morrer"
parece ser uma coisa natural, quando se trata de um policial, é coisa
"inerente a função". No entanto "MATAR" e "SER ASSASSINADO" é algo
inaceitável, ainda mais quando perpetrada por policias, pois este "não é
o papel da policia, a policia tem que prender".
O uso de palavras para dar
significados diferentes a um mesmo fato é comum para a atender interesses diversos, e isso é muito usado pela imprensa para "marginalizar" ações legitimas de policias.
Temos aqui dois exemplos bem claros:
No Bocão News usa o termo "invadir", que óbvio é uma palavra que remete a violência, a entrar sem permissão..
Já uma outra publicação, esta estrangeira (
Portugal) fala em ocupação, e não apenas de policias, mas fala também
dos profissionais de saúde que estão no Congresso ocupando, da mesma
foram que os policiais O Salão Verde.
Em outros exemplos podemos ver que em outros países a imprensa respeita e procura noticiar as ações da policia destacando sua legalidade, apenas buscando erros onde eles existem. Mas, no Brasil, onde a maioria dos professores dos cursos de jornalismo foram vitimas da ditadura e ainda tem uma visão de que a policia é o inimigo.
Não estou
exagerando, tenho observado as manchetes a anos e sempre notei esta
diferença no uso das palavras. Não se noticia as coisa de forma igual,
por mais parecidas que sejam, a imprensa por exemplo não noticia assim:
"POLICIAL É ASSASSINADO POR BANDIDOS"
"TRAFICANTES MATAM POLICIAL DURANTE OPERAÇÃO CONTRA O TRÁFICO"
E assim o senso comum permanece, encarando a policia como "assassina".
Marcio Menezes
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