segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Fanatismo – a manifestação de força dos fracos

O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos“.
(Friedrich Nietzche)
O fanatismo – principalmente religioso e político – só levou a humanidade ao atraso, ao obscurantismo, à segregação e a estupidezes. Fanatismo é uma fortaleza perene no Rio Grande do Norte e demais recantos desse vasto mundo terreno e da alma humana.
Num passeio pela história do homem até nosso tempo, é fácil identificar como o fanatismo freia a evolução da espécie: da ciência à organização social. 
O fanático é um autista. Para ele, há um mundo próprio, com valores ortodoxos.
Seus dogmas, lógico, estão certos e são indiscutíveis. Sempre.
Nessa cegueira, o fanático estabelece o maniqueísmo como bússola, julgando tudo e a todos sob a bifurcação do bem e do mal. O bem, o seu lado. É o que ele defende, muitas vezes sem saber exatamente o que advoga como verdade.
O que seria de nós sem o Iluminismo, a democracia e o ponto de interrogação, em contraponto às trevas, o cesarismo e às maria-vai-com-as-outras?
Reflitamos quanto ao que nos aprisiona.
Na cela insalubre do fanatismo, ninguém pode se sentir ou se imaginar livre. É súdito da limitação.
Vejo duas modalidades de fanáticos: o que se tornou besta-fera por restrição cognitiva e o outro, que age assim para tirar proveito próprio, como um “fanático esclarecido”.
Nos dois casos, uma só vítima: o homem.
De ambos, a mesma conduta deletéria: um, tangido pela ignorância primária; outro, pela esperteza torpe.
Não… não insista. Não adianta discutir com ele.
O fanático é antes de tudo um idiota, o senhor da razão – pensa.
Mantenha-o ocupado; seja indiferente…
Intolerante, o fanático não debate, agride.
O fanático não conversa, ruge.
O fanático não se contrapõe a argumentos, ataca o argumentador.
Quem é o fanático?
É aquele indivíduo que ironizou Cristo na cruz, o SS nazista que cumpriu ordens do III Reich para queimar judeus ou aquele borra-botas que só vê virtudes em seu líder político.
Todos, cada um em seu contexto histórico e circunstância, age como fanático, incapaz de se portar com prudência e racionalidade.
Somos as suas vítimas até hoje.
Esse homem-bomba, como todo homem-bomba, é o primeiro a morrer em seus delírios.
Deixe-o ir só às profundezas de sua pobreza e insanidade.
Sejamos indiferentes…

NOSSA SÍNDROME DE CANUDOS OU PREDILEÇÃO POR LÍDERES MESSIÂNICOS


Antes de explicar o que é "síndrome de Canudos" vou explicar o que foi a Guerra Canudos em três visões diferentes.
Ao ler Os Sertões de Euclides da Cunha, existem três formas de se tirar uma lição histórica sobre o fato, e o que ela relegou de herança no modo brasileiro de ver politica.

Antes de mais nada vale ressaltar que Euclides da Cunha ( como muitos escritores do passado) eram homens formados sobre a ótica da ciência de sua época e das ideias que ali existiam) Euclides apesar de Republicano e abolicionista não fugia a certas ideias que pululavam os Grande Salões da Intelectualidade da época. como a ideia baseada no pensamento Arthur de Gobineau onde miscigenação seria motivo de inferioridade de um povo.

No entanto não seria por isso que devemos condenar a Obra de Euclides ou a de Monteiro Lobato. A contribuição deste para a literatura e para a formação de nossa identidade nacional são imprescindíveis.

Mas vamos Aos Sertões.

Se sua tendencia politica for de direita, é provável que você enxergue canudos como a tentativa de Golpe de uma bando de marginais ( e faria até uma comparação com o MST) em tomar o poder e destruir a propriedade privada.

Se sua tendencia for de esquerda, é provável que você enxergue Canudos como uma tentativa do proletariado em assumir o poder e a amostra da força da união dos pobres contra a Máquina do Repressora do Estado, que assassinou covardemente mulheres e crianças em nome do latifúndio e da exploração do homem.

Se você for de "Centro" o mais provável é que você enxergue Canudos como uma mistura das duas coisas.Historicamente.

Olhando A "Guerra" de Canudos, o que vemos é o que nos deu como herança a "Síndrome do Messias". tínhamos um povo analfabeto, sem direitos políticos liderados por um louco: Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de "Antônio Conselheiro", nascido em Quixeramobim (CE), de tradicional família, fora comerciante, professor e advogado prático nos sertões.
Após a sua esposa tê-lo abandonado em favor de um sargento da força pública, passou a vagar pelos sertões em uma andança de vinte e cinco anos. Chegou a Canudos em 1893, tornando-se líder do arraial e atraindo milhares de pessoas. Acreditava que a República, recém-implantada no país, era a materialização do reino do Anti-Cristo na Terra, uma vez que o governo eleito seria uma profanação da autoridade da Igreja Católica para legitimar os governantes. A cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a celebração do casamento civil e a separação entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade do "fim do mundo".

Por ai, dá para imaginar que tipo de gente se reunia em volta de Conselheiro, mas, não eram apenas os pobres e miseráveis que se reuniam em Canudos, haviam os bandidos, os jagunços, os procurados pela policia...estes formaram a linha de frente da "segurança do santo" e mantiveram o povo afastado do seu líder. Conselheiro só via o mundo etéreo de sua fantasias apocalípticas, e só aparecia ao povo para pregar.

O grande erro dos Governos : Estadual e Federal, foi tratar Canudos como "inimigos do Estado", fato este dado a muita importância que o Governo da Bahia (Luís Viana era o Governador) deu a um amontoado de esquálidos sertanejos que estavam formando apenas uma comunidade que provavelmente, hoje, consideraríamos "alternativa".

Sucessão de erros que levaram a guerra e ao massacre.
Outubro de 1896 – Ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos.

Por causa de uma remessa de madeira, vinda de Juazeiro, para a construção da igreja nova, que não foi entregue, apesar de ter sido paga.
Surgem então rumores de que os conselheiristas viriam buscar a madeira à força, o que leva as autoridades de Juazeiro a enviar um pedido de assistência ao governo estadual baiano, que manda um destacamento policial de cem praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira. Após vários dias de espera em Juazeiro, vendo que o rumor era falso, o destacamento policial decide Insuflado pelos Coronéis locais partir em direção à Canudos.
Mas, a tropa é surpreendida durante a madrugada em Uauá pelos seguidores de Antônio Conselheiro, que estavam sob o comando de Pajeú e João Abade. Vinham como quem vinha para reza, ou para a guerra. Foram recebidos a bala pelos sentinelas semi-adormecidos e surpresos. Era a guerra.

A crueza do combate foi inegável, sendo que o uso de armas como "facões de folha-larga, chuços de vaqueiro, ferrões ou guiadas de três metros de comprimentos, foices, varapaus e forquilhas, sob o comando de Quinquim Coiam" utilizados em lutas de corpo a corpo produziam cenas dantescas. Foram entre 4 e 5 horas de pânico, sangue, horror e gestos de bravura e pânico.

E assim a lenda foi criada! E o que podia ser apenas mais uma cidade de pobres criada à margem da sociedade, transformou-se em mais uma vergonha nacional, com o uso do poderio do Exército para rechaçar famélicos sertanejos em sua maioria mulheres e crianças.

A "síndrome de Canudos" é o pensamento nacional que nos leva a crer que um Messias surgirá para resolver nossos problemas políticos e sociais. Que estes problemas não serão resolvidos pela democracia e pela república, mas por algum "Herói" com poderes sobre-naturais, esta sindrome se caracteriza pelo constante discurso de que "nenhum politico presta", "as instituições estão podres", "apenas UM HOMEM( ou mulher) FORTE poderá acabar com a corrupção".
Este Herói pode ser um MILITAR ou MILITARES ( na cabeça dos que pedem a volta dos militares ao poder) ou um CIVIL , que está acima do bem e do mal, uma pessoa com visão messiânica e que apesar de fazer parte da politica a anos se apresenta como algo "novo", diferente de "todos" , pois o que é "santo" não tem defeitos.
Nosso "Conselheiro" está acima do bem e do mal, e com a "ajuda de Deus" derrotará o anti-cristo que domina a politica atual. Nosso "Conselheiro" não permitirá a degradação da família e unirá outra vez Igreja e Governo, pois : “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.

E assim seguimos qualquer "Conselheiro" fabricado pelo Marketing Politico,pois é mais fácil entregar nossos destinos a um "santo líder" do que sermos responsáveis por ele.